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Sessão comemorativa 103 anos de Cambuquira

maio 8, 2012

No próximo 12 de maio, a cidade de Cambuquira comemora 103 anos de sua emancipação. O Benedita Cineclube homenageará a cidade exibindo alguns dos trabalhos de cambuquirenses que retraram parte da rica cultura popular local.

Parabéns Cambuquira!

 

 

ACÁCIO, de Marília Rocha

agosto 2, 2011

Após exibição de  A Falta Que Me Faz, na programação do FORUMDOC.MG, o Benedita Cineclube recebe outro filme interessantíssimo de Marília Rocha.

Acácio será exibido nesta quinta, 4 de agosto às 19h!

88min | Brasil | 2008

Segundo longa-metragem da diretora, Acácio tem como protagonista o artista plástico português Acácio Videira, que entre 1918 e 2008 dividiu a vida em três continentes. Nascido em Portugal, Acácio e sua esposa, Maria da Conceição, abandonaram a terra natal para se casar secretamente em Angola. Trinta anos depois, migraram para o Brasil fugindo da Guerra de Independência. A partir da história do casal, o filme interliga os três países e reflete sobre as relações coloniais, a guerra e a memória.

* O filme foi exibido importantes festivais do mundo todo e ganhou o Prêmio de Melhor filme de longa-metragem de Minas Gerais no 14º Prêmio SESC/SATED.

88min | Brasil | 2008

Ficha Técnica

Personagens: Acácio Videira, Maria da Conceição Videira, Gambôa Muatximbau
Direção: Marília Rocha
Argumento e pesquisa: Glaura Cardoso Vale
Textos: Clarissa Campolina, Marília Rocha
Produção: Diana Gebrim Costa, Glaura Cardoso Vale
Produtores Associados: Helvécio Marins Jr., Luana Melgaço
Imagens: Clarissa Campolina, Marília Rocha
Imagens de arquivo: Acácio Videira
Som direto: Pedro Aspahan
Montagem: Clarissa Campolina
Edição de som e trilha sonora: O Grivo
Coordenação de Distribuição: Felipe Duarte 
Distribuição: Cia do Filme, Teia | Lume Filmes (DVD)

Para mais informações sobre o filme, acesse: www.mariliarocha.com

Serviço:

O Benedita Cineclube acontece no Espaço Cultural Sinhá Prado – Av. Virgílio de Melo Franco, 481 – Cambuquira-MG.

toda quinta-feira às 19h

Entrada franca!

FORUMDOC.MG em Cambuquira

junho 27, 2011

Nesta semana a programação do Benedita Cineclube é especial.  Em parceria com a MOSCA – Mostra Audiovisual de Cambuquira, receberemos o FORUMDOC.MG em Cambuquira, pelo segundo ano consecutivo.

A programação começa nesta quinta, 30/6 e termina no sábado, 2/7.

A curadoria realizada por Milene Migliano é composta por filmes que participaram das Mostras Competitivas nacional e internacional do FORUMDOC.BH.2010.  Ela está presente para assistir os filmes e bater papo com o público.

Confira os filmes e horários e até breve!

siga @cinebenedita e @mostramosca no twitter

PROGRAMAÇÃO

30/06 – quinta-feira

A FALTA QUE ME FAZ |  Direção Marília Rocha | Brasil | 2009 | cor | 85’

Duas sessões: 10h30 e 15h30 | qui, dia 30

Durante um inverno, um grupo de meninas vive o fim da juventude. Um romantismo impossível deixa marcas em seus corpos e na paisagem a seu redor.

KURDISHLOVER |  Direção Clarisse Hahn | França | 2010 | cor | 95’

19h00 | qui, dia 30

Um xamã entra em transe diante da televisão, um ermitão com fome de sexo sonha em se casar, uma ovelha é sacrificada e comida, uma velha mulher impede sua nora de aprender a ler, uma pastora de ovelhas mora no alto da montanha e gostaria de descer de volta, o exército toma conta do vilarejo, um homem que veio da Europa abandona um relacionamento para pedir a mão de uma jovem que mora com a mãe em casamento. Através de relações que envolvem controle, dinheiro, rivalidade e amor, cada um procura seu lugar entre os outros.

01/07 – sexta-feira

AVENIDA BRASÍLIA FORMOSA | Direção Gabriel Mascaro | Brasil | 2009 | cor | 85’

Duas sessões: 10h30 e 15h30 | sex, dia 1º

Fábio é garçom e cinegrafista. Registra importantes eventos no bairro de Brasília Teimosa (Recife). No seu acervo, raras imagens da visita do presidente Lula às palafitas. Fábio é contratado pela manicure Débora para fazer um videobook e tentar uma vaga no Big Brother. Também filma o aniversário de 5 anos de Cauan, fã do Homem Aranha. Já o pescador Pirambu mora num conjunto residencial construído pelo governo para abrigar a população que morava nas antigas palafitas do bairro, que deu lugar à construção da Avenida Brasília Formosa. O filme constrói um rico painel sensorial sobre a arquitetura e faz da Avenida uma via de encontros e desejos.

ZANZIBAR MUSIC CLUB | Direção Philippe Gasnier e Patrice Nezan | França | 2009 | cor | 85’

19h00 | sex, dia 1º

Ao pôr do sol, nas ruas da antiga cidade, os clubes musicais de Zanzibar murmuram os alegres sons do Taarab. Veículo de identidade cultural e tradição viva, a performance do Taarab é intrinsecamente ligada tanto à vida religiosa quanto cotidiana da ilha. Representado por artistas como a parteira e curandeira Bi Kidude, uma das mais reverenciadas cantoras de Taarab de todo o Zanzibar, este documentário revela a ternura e a diversidade dos poetas Taarab, guardiões culturais de uma herança musical dinâmica, que deve se afirmar diante do turismo e das trocas econômicas.

02/07 – sábado

KENE YUXI, ÀS VOLTAS DO KENE | Direção Zezinho Yube | Brasil | 2010 | cor | 48’

16h00 | sáb, dia 2

Ao tentar reverter o abandono das tradições do seu povo e seguindo as pesquisas do seu pai, o professor e escritor Joaquim Maná, Zezinho Yube corre atrás dos conhecimentos dos grafismos tradicionais das mulheres Huni Kui auxiliado por sua mãe.

BLACK NATCHEZ + PANOLA

18h00 | sáb, dia 2

Black Natchez | Direção Ed Pincus e David Neuman | EUA| 1965 | p&b | 60′

Relato da tentativa de organizar uma comunidade negra no extremo sul dos Estados Unidos em 1965, durante o dia de comemoração do Movimento dos Direitos Civis. Um líder negro havia sofrido um atentado a bomba e uma luta surge na comunidade negra. Um grupo de negros escreve um capítulo do Deacons for Defense – organização secreta e armada. A comunidade se divide entre membros mais conservadores e ativistas.

PANOLA | Direção Ed Pincus e David Neuman | EUA| 1965 | p&b | 20′

A história de um homem pobre, negro, pai de oito filhos em Natchez, Mississipi, durante a ascensão do Movimento dos Direitos Civis. Panola caminha no limite incerto entre a comédia e a tragédia. Dividido pelo conflito entre uma consciência sensível e acurada da injustiça social e um sistema que incutiu nele a subserviência aos brancos, ele oscila entre o desejo de respeito, a impotência, a vingança, a soberba e o alcoolismo.

forumdoc.mg – Cambuquira
Entrada Franca

O Espaço Cultural Sinhá Prado fica na Av. Virgílio de Melo Franco, 481 – Centro
(35)3251-3534 |  espacoculturalsinhaprado@gmail.com
Realização Associação Filmes de Quintal
(31) 3889-1997 | http://www.forumdoc.org.br | filmes@filmesdequintal.org.br

o forumdoc.mg

Em sua quarta edição, o forumdoc.mg leva parte de sua programação a nove cidades de Minas Gerais: Araçuaí, Cambuquira, Contagem, Lagoa Santa, Montes Claros, Pouso Alegre, Uberlândia, Ouro Preto e Teófilo Otoni. Contendo temáticas diversas, os filmes selecionados abordam questões políticas e sociais, ao versar sobre comunidades tradicionais e urbanas, na tentativa de construir junto ao público um amplo diálogo sobre as potências do audiovisual.

O forumdoc.mg tem como objetivo ampliar e democratizar o acesso a uma programação de cinema diferenciada no estado de Minas Gerais, através da exibição de filmes já exibidos no forumdoc.bh (festival de cinema que acontece anualmente em Belo Horizonte desde 1997) e/ou que fazem parte do acervo da Associação Filmes de Quintal, associação sem fins lucrativos responsável pela realização do projeto.

O evento, que se encontra em sua quarta edição, conta com o patrocínio da CEMIG/Governo de Minas e da Secretaria de Audiovisual do Ministério da Cultura/Governo Federal, via Lei de Incentivo à Cultura e Fundo Nacional de Cultura. Além disso, conta com a parceria de instituições locais (UFU/Luminoso Cinema Livre – Uberlândia, Cineclube Luz da Lua/CEFET – Campus Araçuaí, UNIMONTES, FAOP, Prefeitura Municipal de Contagem, UNIVÁS, ICETAS/CDLTO/Estação Doce Maria/Conservatório de Música de TO/ Associação Histórico Cultural Mucury, Irmandade dos Atores da Pândega, Benedita Cineclube).

Em Cambuquira, o forumdoc.mg acontece de 30 de junho a 02 de julho de 2011, no Espaço Cultural Sinhá Prado que fica à Av. Virgílio de Melo Franco, 481 – Centro. A curadoria realizada por Milene Migliano é composta por filmes que participaram das Mostras Competitivas nacional e internacional do forumdoc.bh.2010.  Milene Migliano é Mestre pelo Programa de Pós Graduação em Comunicação e Sociabilidade Contemporânea da Universidade Federal de Minas Gerais. Atua como produtora e pesquisadora no setor audiovisual, tendo desenvolvido pesquisas sobre culturas urbanas, atuando junto aos Pontos de Cultura e Programa Cultura Viva do governo federal.  É membro da Associação Filmes de Quintal, onde atua como professora das oficinas de produção audiovisual do Ponto de Cultura e na realização do forumdoc.bh, desde 2003. Atuou, em 2010, como assistente de coordenação de projetos no Vídeo nas Aldeias e no desenvolvimento de metodologias de percepção dos espaços urbanos e letramento digital no Pontão de Cultura da UFMG, de 2004 a 2009.

Sobre o forumdoc.bh

O forumdoc.bh é um festival de cinema e vídeo dedicado ao documentário e a filmes que não têm espaço no circuito de exibição comercial. O evento acontece em Belo Horizonte desde 1997, com quatorze edições consecutivas. Em sua programação, o forumdoc.bh apresenta um panorama de produções audiovisuais diversificado, disponibilizando ao público filmes de vários países, produções contemporâneas e filmes clássicos. Realiza, ainda, as mostras competitivas nacional e internacional com o objetivo de mapear, difundir e premiar a produção documentária recente.

Promovendo mesas redondas, sessões fílmicas comentadas, oficinas, lançamentos de publicações como catálogos, revistas, livros e cd-roms especializados, o forumdoc.bh tem possibilitado o intercâmbio de experiências, visando o fomento à pesquisa, experimentação e qualificação da produção.

Todas as atividades que compõem a programação têm caráter público e gratuito, o que garante o acesso e divulgação de bens culturais.

Realização Associação Filmes de Quintal

Participação em Cambuquira Benedita Cineclube e MOSCA – Mostra Audioviual de Cambuquira

Documentários Cambuquirenses

fevereiro 27, 2011

Fevereiro no Cineclube

fevereiro 14, 2011

Após a queda do ditador egípcio Hosni Mubarak, o Benedita Cineclube discute o regime militar no Brasil (1964–1985), com a exibição dos curtas do programa “Anos de Chumbo” e do longa “Jango”.

E o mês de fevereiro se encerra com uma sessão especial para as crianças no sábado, 26/2 às 16h!


SONORIDADES INOVADORAS: Hermeto e Tom Zé

janeiro 24, 2011

O ciclo de programas sobre música brasileira no Benedita Cineclube tem sua segunda sessão na próxima quinta, 27/1 às 19h com os mestres Hermeto Paschoal e Tom Zé.

Programa histórico-musical que reúne documentários sobre dois músicos que nasceram em 1936 e que têm em comum a integração de sonoridades de objetos não-convencionais em suas criações. No Rio de Janeiro, o alagoano Hermeto Paschoal em seu processo de criação cuidadosamente registrado no início dos anos 1980 pelo veterano documentarista Thomaz Farkas. Em São Paulo, na virada do século, em documento bastante rigoroso – mais do que urgente – da jovem diretora Carla Gallo, o baiano Tom Zé expõe suas idéias, obsessões, fraquezas e grandezas. (Fonte: Programadora Brasil)

A sessão começa com Hermeto campeão, de Thomaz Farkas SP, 1981, Documentário, Colorido, 35 min.

Hermeto Pascoal é incontestavelmente um dos maiores músicos brasileiros. O filme evoca a inspiração, a maneira de compor e os pontos de vista de Hermeto Pascoal sobre a fama, o dinheiro e o trabalho. Hermeto Pascoal toca com os sapos e compõe com as abelhas. Os componentes do conjunto fazem um pequeno depoimento sobre o que é trabalhar com Hermeto Pascoal.

Ficha Técnica

Direção: Thomaz Farkas
Roteiro: Thomaz Farkas
Produção Executiva: Thomaz Farkas
Direção Fotografia: Pedro Farkas
Fotografia de Cena: Não
Montagem/Edição: Junior Carone
Técnico de Som Direto: David Pennington
Sound Designer: Junior Carone

Tom Zé, ou quem irá colocar uma dinamite na cabeça do século? de Carla Gallo SP, 2000, Documentário, Colorido, 48 min.

Retrato estético do cantor e compositor Tom Zé

Ficha Técnica

Direção: Carla Gallo
Elenco: Depoimentos: Tom Zé, Hans-Joachim Koellreutter
Produção Executiva: Carla Gallo
Direção de Produção: Carla Gallo – Produção: Celso Camargo, Priscilla Migliano, Carla Gallo
Direção Fotografia: Jay Yamashita
Operador de Câmera: Jay Yamashita, Luiz Duva, Sergio Zeigler, André Finotti, André Francioli, Christian Shagaard
Montagem/Edição: Tatiana Lohmann
Direção de Arte: Eduardo Climachauska
Técnico de Som Direto: Gabriela Cunha e Bruno Carneiro

Crítica

Dois inventores, por Cléber Eduardo*

Em um dado momento de Hermeto Campeão (1981), de Thomas Farkas, a tela escurece por muitos segundos. Ficamos a ouvir o coral dos sapos e as intervenções sonoras de Hermeto Paschoal. Em um dado momento de Tom Zé ou Quem irá Colocar uma Dinamite na Cabeça do Século? (2000), de Carla Gallo, a tela escurece, com pequenas aparições de linhas gráficas brancas de tempos em tempos, depois das quais voltamos à escuridão. Ficamos a ouvir “Toc”, do álbum Estudando o Samba, do começo dos anos 1970, também sem uma imagem a nos conduzir.

Nesses dois médias-metragens realizados com quase 20 anos de diferença, resultados da decisão de seus diretores de apontar a câmera e o microfone para inventores inquietos da música brasileira (Hermeto Paschoal e Tom Zé), é notável a proximidade entre os procedimentos nesses momentos mencionados. Em ambos, a imagem se retira e deixa o som ficar a sós. Farkas e Carla procuram integrar-se com a linguagem e com a lógica sonoro-musical de seus “personagens” em vez de imporem a eles uma estética planejada a priori.

Hermeto o Campeão é Hermeto Paschoal em ação. Ou seja, ensaiando, gravando, tocando, experimentando sons, ruminando frases. O som de sua voz nunca está em sua boca. Enquanto instrui instrumentistas ou reflete sobre dinheiro e arte, vemos outras imagens, sejam fotos de conhecidos, sejam imagens de sua casa, família, ensaios. O ensaio é a situação mais recorrente. São os momentos em que a câmera detém-se na experiência, circula em torno do músico, procura detectar o instante da criação.

Essa atenção para o que a câmera está olhando, para especialmente o músico em sua invenção, é reivindicada pela experimentação musical. Hermeto é um agente da surpresa e da aventura criativa. Onde deverá estar a câmera em um momento de invenção musical? Essa dúvida é incorporada pela própria operação da câmera, que, eventualmente, não parece saber para onde se dirigir e com qual mobilidade se locomover. Uma câmera em sincera dúvida sobre a melhor maneira de captar Hermeto.
Se Hermeto é menos carisma verbal e mais uma imagem em cena, Tom Zé ou Quem irá Colocar uma Dinamite na Cabeça do Século? lida com o contrário. Tom Zé é falante, tem uma performance oral e corporal, além de, ao contrário de Hermeto, possuir capacidade de auto-análise. Esse show da fala de Tom Zé, com virtuosismos de fabulador ao narrar as histórias de sua infância, revela um núcleo “olho no olho”, com trechos captados no estúdio pautando a dinâmica visual (entrevistas, improvisos musicais, performances). A mobilidade desse núcleo “interno e interativo”, centrado nas retórica e no carisma de Tom Zé, é perseguida pelas mudanças de ângulo e de distância da câmera.

Se Hermeto é a invenção pela qual a câmera está à espera, não sem ansiedade, porque aguarda o futuro imediato daquele momento (o estar por vir), Tom Zé carrega em sua ansiedade todo o rastro de um passado, com o qual está sempre a acertar contas. Procura-se uma perspectiva retroativa, de quem viveu um processo e tenta tirar alguma lição daquilo, com passado e presente conectados por imagens de arquivo, por sua vez em diálogo com imagens contemporâneas. Hermeto é mostrado por Farkas. Tom Zé é codificado, decodificado e ritualizado por Carla Gallo.

serviço: O Benedita Cineclube acontece no Espaço Cultural Sinhá Prado – Av. Virgílio de Melo Franco, 481 – Cambuquira-MG. SONORIDADES INOVADORAS: Hermeto e Tom Zé – qui 27/01, 19h

Classificação Livre

Duração: 78 min

Entrada gratuita!

SAMBA E BOSSA NOVA: MÚSICA DO BRASIL

janeiro 17, 2011

Na próxima quinta, 20 de janeiro às 19h o Benedita Cineclube abre seu segundo ciclo musical (vide programação de abril/2010). Desta vez, a música brasileira é a personagem principal das próximas semanas.

O ciclo começa com o excelente programa da Programadora Brasil, SAMBA E BOSSA NOVA: MÚSICA DO BRASIL.

Quem faz a música popular brasileira? São poetas, malandros, guerreiros, amantes, palhaços e colombinas. Saem dos cortiços, morros e arranha-céus, chegam de jangada nas praias, comem mocotó e feijoada, desembarcam no aeroporto de Paris. Os sete documentários reunidos nesta compilação mostram o dia-a-dia, as apresentações, gravações e entrevistas em deliciosos registros dessa grande paixão brasileira. Partindo do samba de Pixinguinha, Noel Rosa e Heitor dos Prazeres, passando por Martinho da Vila e João Nogueira, com um breque na bossa nova de João Gilberto, avança até a MPB de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Nara Leão e Jards Macalé.

Álbum de Música, de Sérgio Sanz, RJ, 1974

Músicas de Pixinguinha, Almirante, Ismael Silva, Nelson Cavaquinho e Cartola. Gilberto Gil e Jards Macalé comentam o filme. Depoimentos de Nara Leão e Nelson Motta sobre a música popular brasileira.

Cartola, em Álbum de Música

Brasil, de Rogério Sganzerla , RJ, 1981

Curta-metragem comemorativo do lançamento do décimo disco durante o cinqüentenário de nascimento de João Gilberto. Com trilha intitulada “Brasil”, gravado com Caetano, Gil e Maria Bethânia. A execução do disco em diferentes fases e distâncias, registradas em contraponto com flashes de personalidades da vida nacional, representados em uma situação limite (O que é o Brasil? O que é o brasileiro?) – “O Brasil, dizia Oswald de Andrade, “ vive em estado de sítio desde a idade trevosa das capitanias”.

Cetano, Bethânia e João Gilberto em BRASIL

 

Carioca, suburbano, mulato, maladro – João Nogueira, de Jom Tob Azulay, RJ, 1979

Documentário sobre o cantor e compositor popular do Rio de Janeiro, João Nogueira

Heitor dos Prazeres, de Antonio Carlos da Fontoura, RJ, 1965

Memórias do sambista popular e pintor primitivo Heitor dos Prazeres, em seu atelier na Cidade Nova, bairro em santa decadência do Rio de Janeiro, mas ainda vivo nos sambas, nos quadros e nas recordações do artista.

Martinho da Vila Paris 1977, de Ari Candido Fernandes , SP, 1977

Trata-se de documentario realizado em Paris em 1977, registrando a passagem por Paris em Tour de apresentações na capital francesa do cantor e compositor popular brasileiro Martinho da Vila .Com depoimentos espontaneos,gravações em estudio de TV,apresentação no clube musical Campagne Premiére,reunido com amigos em casa,em frente ao Cafe Via Brasil,andando por ruas no Quartier Latin,Torre Eiffel,Parques,Montmartre,Montparnasse,bares e cafés iluminado por luzes de néon na cidade das Luzes-ou seja Paris.Além de intimo depoimento sobre as exigencias de emrpesrios brasileiros,comparação entre o metro de Paris e trens suburbanos cariocas,critica ironica a classe média que vem à Paris só pra tirar fotos lembrançinhas em frente á monumentos turisticos da cidade e mais: o que o mesmo fará após alguns anos de carreira…

Martinho da Vila em cena do filme

 

Noel por Noel, de Rogério Sganzerla , RJ, 1981

Ensaio documental sobre a música e o tempo de Noel Rosa, com colagens de imagens de arquivo, fotografias de época e e filmagens de blocos carnavalescos na Vila Isabel.

Pixinguinha e a velha guarda do samba, de Ricardo Dias e Thomaz Farkas, SP, 2006

Em abril de 1954 Thomaz Farkas filmou, com uma câmera 16mm de corda, uma apresentação de Pixinguinha e o Pessoal da Velha Guarda, no parque do Ibirapuera em São Paulo, nos festejos do IV Centenário da cidade. Este material se perdeu e foi reencontrado 50 anos depois. O filme conta esta história e recupera o material.

Pixinguinha e a Velha Guarda do Samba

CRÍTICA

País musical, por Marcus Mello

A riqueza do patrimônio musical brasileiro, em especial o samba e a bossa nova, é o mote temático deste programa, que reúne sete curtas-metragens, realizados entre 1965 e 2006. Em Brasil (1981), Rogério Sganzerla documenta os bastidores da gravação do disco homônimo de João Gilberto, que contou com a participação de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia. Paralelamente, o diretor organiza um caleidoscópio de imagens, que incluem a passagem de Orson Welles pelo Brasil para as filmagens do inacabado It’s All True, além de performances de artistas como Grande Otelo, Ary Barroso, Dorival Caymmi e Eros Volúsia. Um genial rascunho para os três longas que Sganzerla depois dedicaria à frustrada experiência de Welles no país, Nem tudo é verdade (1986), Tudo é Brasil (1998) e O signo do caos (2003).

Álbum de música (1974), de Sérgio Sanz, retrata o “saudável caos” da música popular brasileira na primeira metade da década de 1970. Conduzido pelo jornalista Nelson Motta, o espectador vê desfilar diante da câmera um notável elenco de personalidades da MPB, em registros raros.
Carioca, suburbano, mulato, malandro – João Nogueira (1979), de Jom Tob Azulay, traça um perfil do popular sambista João Nogueira, morto em 2000. O diretor acompanha Nogueira em rodas de samba regadas a cerveja e mocotó e a visitas a músicos da velha guarda da Portela, sua escola do coração, além de registrar a gravação em estúdio do clássico samba “Súplica”. Um valioso documento sobre um compositor sofisticado, cuja contribuição para a música popular brasileira ainda está para ser devidamente reconhecida.
Heitor dos Prazeres (1965), de Antônio Carlos da Fontoura, mostra a grande arte do pintor e compositor, autor de clássicos como “Pierrô Apaixonado” e de telas que registraram o colorido do carnaval carioca. Em seu ateliê na Praça Onze, elegante como um dândi, o artista relembra seu passado. Realizado um ano antes da morte de Heitor, o curta foi fotografado por Affonso Beato, que reproduz as cores exuberantes das telas do artista com a mesma maestria mais tarde colocada a serviço do diretor espanhol Pedro Almodóvar.
Martinho da Vila Paris 1977 (1977), de Ari Candido Fernandes, documenta uma viagem do cantor e compositor Martinho da Vila à capital francesa. A invasão do samba brasileiro ao Quartier Latin é mostrada através de imagens e depoimentos saborosos de Martinho, neste curta que tem sua montagem assinada pelo crítico de cinema Inácio Araújo.
Em Noel por Noel (1981), Rogério Sganzerla presta tributo ao grande compositor da Vila Isabel, morto com apenas 26 anos de idade. A meteórica carreira de Noel é condensada ao longo de 10 minutos por Sganzerla, que exercita sua montagem dialética organizando documentos, fotos, manuscritos e imagens da musa do compositor, Ceci. Um belo ensaio para o longa que Sganzerla sempre sonhou em dirigir sobre Noel, e acabou morrendo sem concretizar.
O programa encerra-se com Pixinguinha e a velha guarda do samba (2006), de Ricardo Elias e Thomaz Farkas. O curta traz um raro registro de Pixinguinha, feito pelo próprio Farkas durante uma apresentação do grande compositor realizada em São Paulo, em abril de 1954, no Parque do Ibirapuera. Com a colaboração de Ricardo Dias, Farkas recupera esse material e relembra o dia em que filmou, absolutamente por acaso, esse mestre da música popular brasileira em ação.

Marcus Mello: Crítico de cinema gaúcho, é editor da revista Teorema (RS) e colaborador das revistas Aplauso (RS) e Cinética (RJ). Programador da Sala P. F. Gastal, cinema mantido pela Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre.

serviço:
O Benedita Cineclube acontece no Espaço Cultural Sinhá Prado – Av. Virgílio de Melo Franco, 481 – Cambuquira-MG.

SAMBA E BOSSA NOVA – qui 20/01, 19h

Classificação 12 anos.

Duração: 78 min

Entrada gratuita!


TERRA DEU TERRA COME, de Rodrigo Siqueira, Documentário, 88min, 2010, Brasil

outubro 27, 2010

O Benedita Cineclube fecha o mês de outubro com o lançamento nacional do documentário Terra Deu Terra Come, de Rodrigo Siqueira.

Não percam, é nesta quinta, 28/10, às 19h.

Nonada.
Terra Deu, Terra Come.

Grande vencedor do festival É Tudo Verdade 2010, Terra Deu, Terra Come traz ao espectador um filme de linguagem ao mesmo tempo simples e encantadora, que harmoniza forma e conteúdo com muita sensibilidade. Como definiu o crítico Eduardo Escorel, Terra Deu Terra Come “de um lado, revela um personagem singular, morador de uma comunidade isolada, vinculada a valores arcaicos; de outro, elabora linguagem sofisticada, estabelecendo um novo patamar para o cinema que procura desvendar os mistérios do mundo.”

As histórias contadas pelo cativante protagonista e a maneira como a narrativa se estrutura leva o espectador ao universo mítico do sertão de Minas Gerais, aquele “sertão do tamanho do mundo” dos livros de Guimarães Rosa. Memória, documentário e ficção se fundem para mostrar a vida e a morte em um canto metafísico de Minas. Não se sabe o que é verdade ou representação, fato ou invenção.

Quando, em 2005, o diretor Rodrigo Siqueira conheceu Pedro de Alexina, que mora no Quartel do Indaiá, comunidade de garimpeiros na região de Diamantina, Minas Gerais, ficou imediatamente encantado com aquele senhor octagenário e guardião das antigas tradições que os africanos trouxeram para a região no século XVIII. Pedro de Alexina é um dos últimos conhecedores dos vissungos, cantos em dialeto “banguela” que eram usados no trabalho nas minas de ouro e diamante e também nos rituais fúnebres. Mas esta não é sua principal qualidade. Trata-se de um exímio contador de histórias, com um carisma fora do comum que o coloca entre os grandes personagens da história do documentário brasileiro. Seu Pedro traz a ambiguidade em si mesmo, a dúvida, a verdade e a invenção, a atuação e a auto-representação. Na tradição oral, a performance do narrador é fundamental para que se mantenha a audiência. As histórias só existem se houver quem as ouça. Elas só permanecem se os ouvintes seguirem seus passos até o fim. E é na performance, na capacidade de invenção do narrador, que se constrói a atenção e o vínculo do ouvinte com o que se conta. Quanto mais fabuloso, mais curioso o ouvinte fica, como que a querer saber até que ponto o narrador vai conduzi-lo. Onde diabos isso vai dar? Esse é o jogo de Terra Deu, Terra Come.

No prólogo do filme, Seu Pedro narra um tipo de história que é muito popular no Brasil, herdada da tradição do catolicismo popular português. “No tempo que Cristo mais São Pedro andavam pelo mundo…” Há uma infinidade de histórias que começam assim, como que remetendo o ouvinte a um tempo remoto e vinculando a narrativa a duas “testemunhas” de reputação ilibada – Cristo e São Pedro –, a corroborar a veracidade do narrado. Como fica explícito no filme, em geral, essas histórias carregam sabedoria disfarçada de simplicidade.
Juntos e cúmplices, cineasta e personagem se engajam em um jogo de fazer cinema, uma partilha, uma conversa, um duelo, uma encenação.

SINOPSE

Pedro de Almeida, garimpeiro de 81 anos de idade, comanda como mestre de cerimônias o velório, o cortejo fúnebre e o enterro de João Batista, que morreu com 120 anos. O ritual sucede-se no quilombo Quartel do Indaiá, distrito de Diamantina, Minas Gerais. Ao conduzir o funeral de João Batista, Pedro desfia histórias carregadas de poesia e significados metafísicos, que nos põem em dúvida o tempo inteiro. A atuação de Pedro e seus familiares frente à câmera nos provoca pela sua dramaturgia espontânea, uma auto-mise-enscène instigante. No filme, não se sabe o que é fato e o que é representação, o que é verdade e o que é um conto, documentário ou ficção, o que é cinema e o que é vida, o que é africano e o que é mineiro, brasileiro.


PRODUÇÃO
A produção do documentário começou no dia 1º de Janeiro de 2005, quando o diretor Rodrigo Siqueira conheceu o sr. Pedro Almeida, personagem principal do filme. Desde então foram foram 12 viagens à comunidade de Quartel do Indaiá. E em maio de 2007, com o patrocínio da Petrobras, e com a cooperação da Representação da UNESCO no Brasil, uma equipe de apenas 4 pessoas fez uma imersão de 30 dias com o protagonista e sua família. Essa imersão resultou em um material de 40 horas, que funde documentação etnográfica e experimentação em busca do rico imaginário poético dos personagens. Ao final, a produção enxuta favoreceu a linguagem do filme. Posteriormente, o projeto foi contemplado pelo Programa de Fomento ao Cinema Paulista na categoria de finalização, com patrocínio da Sabesp.


PROEZA NOTÁVEL – Crítica de Eduardo Escorel para revista Piauí

Escolhido melhor documentário da competição brasileira do festival É Tudo Verdade deste ano (8 a 18 de abril ), “Terra Deu, Terra Come”, produzido, dirigido e editado por Rodrigo Siqueira, é uma proeza. De um lado, revela um personagem singular, morador de uma comunidade isolada, vinculada a valores arcaicos; de outro, elabora linguagem sofisticada, estabelecendo um novo patamar para o cinema que procura desvendar os mistérios do mundo.
Entre outros feitos, “Terra Deu, Terra Come” harmoniza assunto e forma com destreza, evidenciando os limites das duas variantes usuais do documentário – (1ª) mera observação de eventos que ocorrem independente da vontade do realizador e (2ª) depoimentos propiciados pelo observador. Rodrigo Siqueira terá percebido que essas duas possibilidades não dariam conta do que encontrou na comunidade do Quartel de Indaiá, perto de Diamantina, em Minas
Gerais. Seria preciso recorrer à terceira alternativa – reconstruir o passado, terreno livre da invenção.
Pedro de Alexina, velho garimpeiro, ganhou o merecido crédito de colaborador na direção de “Terra Deu, Terra Come”, ao se tornar protagonista e, junto com Rodrigo Siqueira, maestro dessa reconstrução. A partir de um evento deflagrador, o documentário recupera o ritual para encomendar almas, que Pedro de Alexina é dos poucos remascentes a conhecer. Nesse processo, o evento circunstancial – a morte de um amigo – perde relevância. Prevalece
a dimensão mítica, recuperada na narrativa de Pedro de Alexina. Conduzindo o relato, ele dá lições de sabedoria, fala do quotidiano, improvisa explicações, sem esclarecer, em cada caso, quando está fabulando ou sendo factual.
A importância da tradição oral, fundamento do saber na comunidade, é indicada no começo do prólogo, através da supressão da imagem. Livre de apelos visuais, com a tela preta, a atenção pode se concentrar na fala que define o tema de “Terra Deu, Terra Come”. Mesmo “velhos e se arrastando”, não aceitamos a morte, diz Pedro de Alexina. Remontando ao tempo em que
“Cristo mais São Pedro andavam pelo mundo”, explica o acordo que levou à preservação da vida de idosos, necessários para dar “conselho aos novos”. Só de vez em quando, a Morte saltava e matava um, diz Pedro de Alexina, ficando culpada por isso. Cristo, então, inventa a desculpa que existe até hoje: “Quando morre um, ah é, foi do coração. Tomou uma topada? Ah, foi a topada! O que que o freguês arrumou? Ah, não, ele adoeceu, apresentou com isso, aquilo outro, né? Morreu! Né? É a desculpa que Deus pôs… que nós todos, hoje, tá nessa desculpa. Ah, do que morreu? Ah, de repente…ah, é o coração. Nonada, mas tem essa Morte. Né?”
“Mergulhado e enredado” por “Grande Sertão: Veredas” Rodrigo Siqueira viajou “em busca do sertão mítico e profundo retratado por Rosa.” Motivação que o levou à região explicitada no relato da abertura de “Terra Deu, Terra Come”, quando Pedro de Alexina usa a palavra nonada, como é sabido, a primeira do romance de Guimarães Rosa. Rodrigo Siqueira aparece em alguns planos, e ao longo do documentário pede explicações a Pedro de Alexina. Não querendo ser um observador distante, vence a timidez e procura se integrar à observação; revela, por outro lado, que “Terra Deu, Terra Come” é o registro de uma descoberta, não de algo conhecido de antemão. Para poder apreciar esse processo, o espectador precisa ter disposição para reviver, concentradas em 89’, dúvidas, hesitações, e ambiguidades do longo caminho percorrido na realização dessa obra notável.

LANÇAMENTO
Com distribuição da VideoFilmes e da 7Estrelo Filmes, em parceria com os contemplados do Programa Cine Mais Cultura – do MINC, Terra Deu, Terra Come, será lançado simultanemante com mais de 800 cópias em todo o país a partir do dia 1º de outubro. Considerado pelos críticos como um documentário de linguagem inovadora, o filme inova também em sua estratégia de lançamento e entra em cartaz com dimensões comparáveis aos “blockbusters” americanos. Tradicionalmente, os documentários brasileiros são lançados com pouquíssimas cópias e têm grande dificuldade de alcançar o público. Terra Deu, Terra Come inova porque incorpora à sua estratégia de distribuição um parque exibidor alternativo que tem larga escala e capilaridade nas capitais no interior do país.
O compromisso da produtora 7Estrelo Filmes e da distribuidora VideoFilmes é fazer com que o filme chegue a quem deve chegar, que é o público brasileiro. Seja em um cinema na região da avenida Paulista, da zona sul do Rio de Janeiro, em um cineclube no interior do Acre, no sertão mineiro ou no pantanal. O programa Cine Mais Cultura, do governo federal conta hoje com 821 pontos de exibição digital em todos os 27 estados do Brasil, em periferias das capitais e no interior dos estados. E faz chegar cinema a centenas de cidades que não possuem salas de exibição comercial. O Benedita Cineclube é um desses pontos, sediado em Cambuquira-MG.

FICHA TÉCNICA
Título Original: Terra Deu, Terra Come
Formato de captação: DVC PRO HD e 16mm
Formato de exibição: HDCAM
Duração: 88 minutos
País: Brasil
Gênero: Documentário
Realização: 7 Estrelo Filmes
Produtora Associada: Tango Zulu Filmes
Distribuição: VideoFilmes
Direção: Rodrigo Siqueira
Colaborou na direção: Pedro de Alexina
Fotografia: Pierre de Kerchove
Som: Célio Dutra
Produção executiva: Rodrigo Siqueira e Tayla Tzirulnik
Assistente de Produção Juliana Kim
Pesquisa: Lúcia Nascimento e Rodrigo Siqueira
Produção de frente: Marcelo Ferrarini e Roberta Canuto
Produção de set: Ricardo Magoso
Edição: Rodrigo Siqueira
Arte e gráficos: Júlio Dui
Finalização de imagem: Alex Yoshinaga
Mixado nos estúdios: TIL
Produção de Lançamento: Lívia Rojas e Michael Wahrmann
Lançamento em São Paulo: 1
º
de outubro de 2010


Elenco
Pedro de Alexina
Dona Lúcia
João Batista
Dolores
Seu Pidrim Pessanha
Admilson
Geovani
Adilson
Nei
Edinho
Sineca
e familiares de seu Pedro



serviço:
O Benedita Cineclube acontece no Espaço Cultural Sinhá Prado – Av. Virgílio de Melo Franco, 481 – Cambuquira-MG.

TERRA DEU TERRA COME – qui 28/10, 19h

Classificação Livre

Entrada gratuita.

ASSIM ERA A ATLÂNTIDA, de Carlos Manga, RJ, 1974, doc, 105 min

outubro 4, 2010

O Benedita Cineclube inicia o mês de outubro com Assim Era a Atlântida, documentário de Carlos Manga (1974).

7/10, quinta-feira, às 19h – imperdível!

A Atlântida ficou mesmo conhecida com as famosas chanchadas ou comédias populares, que foram o principal produto de um cinema que pretendia firmar-se como indústria. E assim foi feito. O público lotava os cinemas, reverenciava seus ídolos, numa época (anos 50) em que o musical americano dominava o mundo. Jamais houve uma sintonia tão grande entre o cinema brasileiro e o público. Assim Era a Atlântida reúne trechos dos principais filmes que sobreviveram a um incêndio nos estúdios da empresa, em 1952, e a uma inundação em seus depósitos, em 1971. Esses filmes foram reavaliados e recuperados através de um trabalho árduo e eficiente. Assim, você vai (re)ver cenas antológicas do nosso cinema que marcaram o imaginário de várias gerações. O humor irreverente e debochado de Oscarito e Grande Otelo; os galãs Anselmo Duarte e Cyll Farney; as mocinhas Eliana, Fada Santoro, e Adelaide Chiozzo; os eternos vilões José Lewgoy e Renato Restier; e mais Emilinha Borba, Francisco Carlos, Jorge Goulart, Nora Ney, Dóris Monteiro, e além dos diretores Moacir Fenelon, José Carlos Burle, Watson Macedo, e Carlos Manga, que somente na Atlântida dirigiu 21 filmes. A Atlântida criou uma maneira de ver cinema. Um cinema autêntico, popular. Expressão de uma época. Em sintonia com um tempo feliz, com muitos risos e romances inocentes. Muitos vão recordar, outros conhecer, mas com certeza todos vão se divertir. Senhoras e Senhores: Assim Era a Atlântida.

SINOPSE

Assim Era a Atlântida – Um dos maiores e mais prolíficos diretores da época de ouro da Atlântida, Carlos Manga segue com sucesso a fórmula de Era uma Vez em Hollywood (sobre os grandes musicais da Metro), ao reunir trechos das principais produções dos estúdios cariocas e depoimentos de atores e diretores. Há dramas, comédias e policiais — que sobreviveram a um incêndio e a uma inundação nos depósitos da empresa – mas foi com as chanchadas musicais que a Atlântida marcou época nos anos 1940 e 1950. Assim, fixou um gênero genuinamente brasileiro que, não raro às custas de paródias de filmes americanos, obteve enorme sucesso de público e ainda lançou mitos como a dupla Grande Otelo & Oscarito, Zezé Macedo, Zé Trindade, Eliana, Anselmo Duarte e Cyll Farney.

CRÍTICA

Ode à felicidade e à inocência, por Luiz Joaquim*

Para os brasileiros de hoje, na casa dos 60, 70 anos, que tinham o hábito de, na adolescência, frequentar salas de cinema, a combinação das palavras Atlântida, Oscarito, Grande Othelo, Eliana e Cyll Farney fazem soar um violento tilintar saudosista. Um som que remete a uma época na qual nossa produção cinematográfica vivia momentos de glória, atingindo em cheio o gosto do público a partir da Chanchada. O gênero surgiu aqui no país nos anos 1940 e consolidou-se na década seguinte, sendo os estúdios da Atlântida Empresa Cinematográfica do Brasil S/A, fundada em 1941, o seu mais virulento símbolo.

Pode-se dizer que o filme contido neste pacote, Assim Era a Atlântida, rodado em 1975 por Carlos Manga, é auto-explicativo. O diretor Manga chegou à Atlântida aos 19 anos como ajudante de carpintaria dos cenários e tornou-se o menino de ouro da produtora. Ele, ao dirigir seus próprios filmes, iniciando com Nem Sansão, Nem Dalila (1953), revolucionaria o estúdio e o gênero, integrando números musicais ao corpo ficcional das Chanchadas. Experimento que já havia dado certo em Carnaval Atlântida (1952), de José Carlos Burle.

De posse da autoridade que goza, Manga reuniu aqui trechos dos 27 títulos que restaram da Atlântida após um incêndio que a tomou em 1952. A partir deles, montou uma antologia pela qual temos uma visão ora analítica, ora saudosista do que significou o estúdio e de como as estrutura narrativa simples de suas obras e seus enredos pueris encantava as massas que lotavam os cinemas para, entre outras coisas, conhecer as marchinhas de carnaval que iriam marcar os bailes no ano seguinte ou corrente.

Realizado cerca de 15 anos após o crepúsculo da Chanchada e no alvorecer da Pornochanchada (tendo o Cinema Novo também já arrefecido), o documentário Assim Era a Atlântida chegou em 1975 como uma revisão sobre seus anos de ouro, mas ainda magoada com a postura da crítica especializada em cinema que, naqueles anos, batia forte contra as produções da Atlântida.

Nas vozes de suas estrelas – Adelaide Chiozzo, Anselmo Duarte, Fada Santoro, José Lewgoy e até Norma Bengell, além dos já citados no primeiro parágrafo (exceto por Oscarito, que falecera em 1970) – há também o regozijo por saber que eram eles que levavam alegria para uma platéia fiel e crescente.

Intercalando e ilustrando os depoimentos de seus astros com imagens de seus sucessos, Manga vai desenhando um mapa pelo qual pode se reconhecer os caminhos do sucesso percorrido pela Atlântida, dos quais uma trilha, a da paródia, o estúdio dominava como nenhum outro no país.

Neste rastro, temos Carnaval no Fogo (1950, lançando Eliana), com a histórica seqüência entre Oscarito e Otelo interpretando Romeu e Julieta. Nem Sansão, Nem Dalila (1953), satirizando a partir de Sansão e Dalila, de Cecil B. DeMille, ou ainda Matar ou Correr (1954), rodado em Jacarepaguá (RJ) como se fosse o Velho Oeste de Matar ou Morrer, de Fred Zinnemann. E no quesito paródia, não havia ninguém como Oscarito que, nas palavras de Grande Othelo, seu melhor parceiro, “confundia-se com o próprio símbolo da Atlântida”. Eram inúmeros os trejeitos deste artista completo, quanto sua capacidade de criar improvisos.

Para as novas gerações, ver Assim Era a Atlântida pode servir para suscitar uma nova discussão sobre a validade da Chanchada na nossa história, sempre tão rechaçada pelos intelectuais, mas tão amada pelos espectadores, em mais de de dez anos de reinado absoluto num período de rara e comovente comunhão entre publico e produção nacional.

*Crítico de cinema do jornal Folha de Pernambuco, curador do Cinema da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e professor da Especialização em Cinema da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap).

FICHA TÉCNICA

Direção: Carlos Manga
Roteiro: Carlos Manga e Silvio de Abreu
Elenco: Oscarito, Sonia Mamede, Zezé Macedo, Zé Trindade, Renato Fronzi, Ivon Cury, Bené Nunes, Emilinha Borba, Francisco Carlos, Nora Ney, Jorge Gourlart, Isaurinha Garcia, Cuquita Carballo, Maria Antonieta Pons, Dick Farney, Caco Velho, Euvira Pagã, Blecaute, Marion, Quatro Ases e um Coringa, Vocalistas Tropicais, Suzy Kirby, Berta Loran, Vieirinha, Pituca, Afonso Estuart, Margot Louro, Avany Maura, Jece Valadão, John Herbert, Eva Wilma, Renato Restier, Wilson Viana, Wilson Grey, Pagano Sobrinho, Dircinha Batista, Ruy Rey, Francisco Dantas, Altair Villar, César de Alencar, Geraldo Gamboa, Modesto de Souza, Augusto César Vanucci, Eva Tudor, Jayme Filho, Odete Lara, César Viola, Mara Rios, Julie Bardot, Graça Mello, Carlos Cotrim, Samborsky, Sérgio de Oliveira, Luiz Carlos Braga, Márcia Real, Jackson Flores, Rocyr Silveira, Rosa Sandrini, Terezinha Morango, Miriam Pérsia, Adalgisa Colombo, Mara Abrantes, Edith Morel, Aurélio Teixeira, Derek, Irma Alvarez, Dóris Monteiro, Anselmo Duarte, José Lewgoy, Inalda, Fada Santoro, Adelaide Chiozzo, Cyll Farney, Norma Bengell, Eliana, Grande Otelo, Jomeri Posoli. Depoimentos: Anselmo Duarte, José Lewgoy, Inalda, Fada Santoro, Adelaide Chiozzo, Cyll Farney, Norma Bengell, Eliana e Grande Otello.
Empresa(s) Co-produtora(s): Atlântida Cinematográfica
Produção Executiva: Atlântida Cinematográfica e Carlos Manga
Direção de Produção: Atlântida Cinematográfica e Carlos Manga
Coordenação de Produção: Silvio de Abreu
Direção Fotografia: Antônio Gonçalves
Assistente de Câmera: Manoel Veloso
Montagem/Edição: Waldemar Noya
Direção de Arte: Carlos Manga
Técnico de Som Direto: Amadeu Riva
Edição Som: Aloísio Viana
Mixagem: Aloísio Viana

(Fonte: Programadora Brasil)

serviço:
O Benedita Cineclube acontece no Espaço Cultural Sinhá Prado – Av. Virgílio de Melo Franco, 481 – Cambuquira-MG.

ASSIM ERA A ATLÂNTIDA – qui 7/10, 19h

Classificação 10 anos

Entrada gratuita.

Programação de Outubro

outubro 3, 2010